segunda-feira, janeiro 12, 2009

Le Sacre Du Printemps by Pina Bausch Wuppertal Dance Theater

Caetano Veloso - Cucurrucucu Paloma

ALMODOVAR - TALK TO HER - HABLE CON ELLA

LOUIS ARMSTRONG ELLA FITZGERALD

Larra y Albéniz protagonistas de las conmemoraciones culturales de 2009


ELCULTURAL.es



La Sociedad Estatal de Conmemoraciones Culturales (SECC) diversificará su oferta cultural y llevará más de cien actividades distintas por toda la geografía española a lo largo del 2009, año en el que tiene prevista su expansión a Iberoamérica.Soledad López, presidenta de la SECC desde septiembre, avanzó al presentar la programación que en la actual coyuntura económica la Sociedad puede ser un factor que ayude a dinamizar las empresas de creación cultural, y expresó su convencimiento de que la colaboración con otras instituciones permitirá abaratar costes. "Ya lo estamos notando", subrayó la dirigente de la SECC, quien afirma que, pese a la reducción presupuestaria por la crisis económica, se ha aumentado el número de actividades con respecto a este año y se ha logrado avanzar en el proceso de expansión por todo el territorio nacional y en el extranjero.El ministro de Cultura, César Antonio Molina, presente en el acto, ha definido a la Sociedad Estatal de Conmemoraciones Culturales como una institución "actual y moderna que actúa sobre nuestra memoria colectiva". Además, ha elogiado la actividad de la SECC con Soledad López al frente, con quien -ha añadido- se ha incrementado la oferta cultural "sin renunciar a la calidad" y se han reducido los costes, y ha destacado especialmente su expansión a las regiones del Mediterráneo e Iberoamérica.La gestión de la nueva presidenta, y su "dilatada" experiencia en el ámbito de la administración pública, según Molina, ha favorecido que, en los últimos meses, la SECC sea "una Sociedad más ágil, más eficaz y con más notoriedad". El ministro de Cultura señala que, para el Gobierno, la SECC cumple una tarea fundamental, "al detenerse en los principales acontecimientos de nuestra historia y nuestra cultura para poner al servicio de los ciudadanos esos bienes patrimoniales".Así, entre los más de cien actos previstos para este 2009 se encuentran una exposición en la Biblioteca Nacional con motivo del bicentenario del nacimiento de Larra, un ciclo de conciertos en el Auditorio Nacional y en el Teatro Real por el centenario del fallecimiento de Isaac Albéniz, con una gira por París, Shangai o Pekín, o una muestra sobre el IV centenario de expulsión de los moriscos en Valencia.120 años de arqueología española en Egipto se exhibirá en el Museo Nacional de Arqueología de El Cairo de marzo a mayo de 2009, con la que se pretende mostrar la importante aportación española a la investigación sobre la historia del antiguo Egipto. Un ciclo de conciertos y un congreso internacional sobre El Mediterráneo abrirán en Valencia una nueva línea de programación, en la que también caben una exposición sobre el bicentenario del fallecimiento de Celestino Mutis o un ciclo de teatro en distintas ciudades sobre la figura inmortal del Don Juan.La Generación del 27 viajará a Sevilla, Málaga y Madrid en forma de exposición, al igual que la programada por el 25 aniversario del fallecimiento de Vicente Aleixandre, el centenario del nacimiento de Juan Carlos Onetti o el centenario de la muerte de Alejandro Sawa, genuino representante de la bohemia madrileña de finales del XIX. El guionista de referencia del cine español Rafael Azcona, fallecido el pasado mes de marzo, dará pie a una muestra de cine sobre sus 50 años de creación cinematográfica, que recorrerá distintas ciudades.Además, la SECC ha programado más de 80 actividades distintas en España e Iberoamérica para la conmemoración del bicentenario de la Guerra de la Independencia, el bicentenario de los movimientos de la independencia de las repúblicas iberoamericanas y el bicentenario de la Constitución de 1812.

José Ortega y Gasset (1883-1955)


«Se ensinares, ensina ao mesmo tempo a duvidar daquilo que estás a ensinar.»

terça-feira, janeiro 06, 2009

António Lobo Antunes - Já escrevi isto amanhã

Escrevo esta crónica num caderno pautado, eu que nunca escrevo em papel pautado porque me lembra a escola, e volto a ter uma caligrafia infantil.
Era uma escola pequena, a minha, com um professor tirânico que puxava pêlos do nariz: ramal da Beira Baixa, afluentes da margem esquerda do Tejo, o nome predicativo do sujeito.
- Diz o nome predicativo do sujeito, idiota
e nós lá gaguejávamos o nome predicativo do sujeito, cheios de dúvidas, a hesitar. O professor escolhia um pêlo, desprezando-nos
- Nunca hás-de ser ninguém na vida e o facto do nome predicativo do sujeito me impedir de ser alguém na vida preocupava-me. Que raio de importância tão grande o nome predicativo do sujeito tem? Ou o ramal da Beira Baixa? Ou os afluentes da margem esquerda do Tejo? Meu Deus a quantidade de coisas que existem entre mim e o meu futuro. Outras frustrações: não usar óculos, nunca ter partido uma perna.
Aparelho para os dentes sim, o que me compensava um bocadinho.
E uma funda para a hérnia, mas isso era um adereço invisível, sobretudo comparado com uma perna em gesso, com os dedos do pé de fora, de unhas sujas de branco. E canadianas, que sorte. E coxear, que felicidade. E a maravilha de poder dar com elas num rabo a jeito. E autografarem-me o gesso. Olha, uma mosca pequenina agora, à volta da minha mão. Igual às grandes mas minúscula. Poisada na caneca. Poisada no tampo. Poisada na manga do blusão.
O mapa ao lado do quadro, com os países de cores diferentes. A Alemanha amarela, a Noruega roxa. Portugal não me recordo. Uma bolinha com um ponto ao centro em Lisboa, uma bolinha menor, com um ponto também ao centro, no Porto. O mar azul. Ilhas e ilhas: os Açores, Madagáscar.
A Indonésia dúzias. O professor
Estás a olhar para ontem, idiota?
E é verdade, estou a olhar para ontem, sempre olhei para ontem. Até o amanhã é ontem às vezes. Charlie Parker interrompeu uma vez uma gravação, atirando com o saxofone, a gritar Já toquei isto amanhã e ninguém foi capaz de convencê-lo a continuar. Como eu o compreendo, como às vezes sinto Já escrevi isto amanhã e rasgo tudo. Um trabalho difícil, quase tão difícil como viver. Acho que não sei viver. Acho que não sei viver? Acho que não sei viver como os outros vivem. Que dias os meus, repletos de surpresas, de mistérios. De espantos.
Sou um saloio: não há montra de loja que não me encante, sobretudo as lojinhas minúsculas de certos bairros, mercearias, roupas, brinquedos.
Apetece-me logo comprar vassouras, aipo, um macaco de corda, a camisa mais feia que descobrir na montra. A beleza das coisas feias fascina-me. O seu ar de desamparo, coitadas. A cinquenta metros da casa dos meus pais existia um estabelecimento de vestidos e artigos correlativos chamado Marijú. O Paraíso deve ser no género da Marijú, com empregadas a cheirarem bem que me faziam cócegas na alma. Não se calcula o que a Marijú alegrou a minha infância. A Marijú, do meu ponto de vista, era o centro do quarteirão. Para indignação minha a minha mãe considerava a Marijú o supra-sumo do horrível, a ignorante. Em matéria de gosto os meus pais, aliás, deixavam imenso a desejar: detestavam quadros com gatinhos a saírem de botas velhas, palhaços de porcelana a chorarem, dálmatas cromados em tamanho natural. Onde se viu tanta cegueira? Serras do sistema galaico-duriense: Peneda, Soajo, Gerez, Larouco, Falperra, etc. Ficou tudo na minha cabeça graças ao medo do professor, conhecimentos utilíssimos, até ele apreciava a Marijú: tenho de concordar que em espírito artístico superava os meus pais. O problema era o nome predicativo do sujeito. Sem o nome predicativo do sujeito a minha infância teria sido perfeita. Pretéritos, pronomes, tabuada. E os olhos de Charlie Parker tristíssimos nas fotografias. Escrever como ele toca. Vá, António, levanta-te do papel com as palavras: quem disse que não eras capaz, és capaz, levanta-te do papel com as palavras. Fecha os olhos e elas saem sozinhas. As palavras são notas, repara. Não penses em nada, abandona-te. O mundo inteiro está dentro de ti. Anteontem almoçaste com os teus camaradas.
Faltava o Zé
(duas fotografias dele à minha frente)
estamos amputados do Zé, mas que milagre de sintonia entre nós desde os confins de Angola. Que nenhum de vocês se atreva a morrer como o Zé, ouviram? Primeiro mato-vos outra vez e a seguir ralho-vos. Não quero ficar mais pobre ainda. O Zé fardado de coronel na participação do jornal, com versos de Goethe por baixo. A propósito: nunca falamos de Goethe, pois não?
A Marijú. O ramal da Beira Baixa. A primeira vez que vi uma mulher nua e me apeteceu ajoelhar: não tocar-lhe, não beijá-la, ajoelhar apenas. E ficar que tempos assim.
O único milagre que conheço. O professor
- Estás a olhar para ontem?
e estou de facto. Neste preciso momento, senhor professor, só me apetece olhar para ontem.

Modern times

The Great Dictator - speech

Charlie Chaplin a lyric from Modern Times

Sisters of Mercy - Leonard Cohen

Leonard Cohen - Suzanne

segunda-feira, janeiro 05, 2009

Quando o Sol encoberto vai mostrando

Quando o Sol encoberto vai mostrando
Ao mundo a luz quieta e duvidosa
Ao longo de úa praia deleitosa,
Vou na minha inimiga imaginando.

Aqui a vi os cabelos concertando;
Ali, co a mão na face, tão fermosa;
Aqui falando alegre, ali cuidosa;
Agora estando queda, agora andando.

Aqui esteve sentada, ali me viu,
Erguendo aqueles olhos tão isentos;
Aqui movida um pouco, ali segura;

Aqui se entristeceu, ali se riu...
Enfim, nestes cansados pensamentos,
Passo esta vida vã, que sempre dura.

Luis de Camões

Busque Amor novas artes, novo engenho

Busque Amor novas artes, novo engenho
Pera matar-me, e novas esquivanças,
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, enquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê,

Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como e dói não sei porquê.

Luís de Camões

Ella Fitzgerald - These Foolish Things (Live! -1957)

Ella Fitzgerald - The Man I Love (Live In Holland - Europe)