quinta-feira, dezembro 25, 2008

Muerte Del Angel/Astor Piazzolla

joan manuel serrat - nanas de la cebolla año 1974 10/11

NANAS DE LA CEBOLLA - Miguel Hernández

NANAS DE LA CEBOLLA .
( Dedicadas a su hijo, a raíz de recibir una carta de su mujer, en la que le decía que no comía más que pan: y cebolla) .

La cebolla es escarcha
cerrada y pobre.
Escarcha de tus días
y de mis noches.
Hambre y cebolla,
hielo negro y escarcha
grande y redonda.

En la cuna del hambre
mi niño estaba.
Con sangre de cebolla
se amamantaba.
Pero tu sangre,
escarchada de azúcar,
cebolla y hambre.

Una mujer morena
resuelta en luna
se derrama hilo a hilo
sobre la cuna.
Ríete, niño,
que te traigo la luna
cuando es preciso.

Alondra de mi casa,
ríete mucho.
Es tu risa en tus ojos
la luz del mundo.
Ríete tanto
que mi alma al oírte
bata el espacio.

Tu risa me hace libre,
me pone alas.
Soledades me quita,
cárcel me arranca.
Boca que vuela,
corazón que en tus labios
relampaguea.

Es tu risa la espada
más victoriosa,
vencedor de las flores
y las alondras.
Rival del sol.
Porvenir de mis huesos
y de mi amor.

La carne aleteante,
súbito el párpado,
el vivir como nunca
coloreado.
¡Cuánto jilguero
se remonta, aletea,
desde tu cuerpo!

Desperté de ser niño.
Nunca despiertes.
Triste llevo la boca:
ríete siempre.
Siempre en la cuna,
defendiendo la risa
pluma por pluma.

Ser de vuelo tan alto,
tan extendido,
que tu carne parece
cielo cernido.
¡Si yo pudiera
remontarme al origen
de tu carrera!

Al octavo mes ríes
con cinco azahares.
Con cinco diminutas
ferocidades.
Con cinco dientes
como cinco jazmines
adolescentes.

Frontera de los besos
serán mañana,
cuando en la dentadura
sientas un arma.
Sientas un fuego
correr dientes abajo
buscando el centro.

Vuela niño en la doble
luna del pecho.
Él, triste de cebolla.
Tú, satisfecho.
No te derrumbes.
No sepas lo que pasa
ni lo que ocurre.
1939

A Selva 75 anos - Actas do Congresso Internacional



Selva 75 Anos -- Actas do Congresso Internacional (2005), Ossela, Centro de Estudos Ferreira de Castro, 2007

Comunicações:

Robério Braga, «O Amazonas ao tempo de Ferreira de Castro»;

Eugénio Lisboa, «A Selva: no coração das trevas»;

Ricardo António Alves, «A Selva como expressão das ideias libertárias de Ferreira de Castro»;

Karl Heinz Delille, «Casa Viejas -- Um episódio da recepção alemã de Ferreira de Castro»;

Olímpia R. Santana, «A Selva -- Após a ruptura com o silêncio»;

Bernard Emery, «O "negro" dos Camarões»;

Artur Anselmo, «Aspectos do indianismo na obra de Ferreira de Castro»;

Reinaldo F. Silva, «A recepção anglófona de A Selva e de outras obras de Ferreira de Castro»;

Silas Granjo, «Notas para uma história textual de A Selva»;

Ivone Bastos Ferreira, «A primeira edição brasileira de A Selva ou de como se critica sem ler e se põe em causa as virtudes das mulheres de Faro»;

João Minhoto Marques, «Representações da utopia em A Selva»;

Daniel Aranjo, «Le paysage dans A Selva»;

Margarida Pandeirada, «A paisagem humanizada em A Selva de Ferreira de Castro»;

Joaquim Correia, «Originalidade e perenidade artística de A Selva»;

Miguel Real, «Naturalismo e realismo em A Selva»;

Liliana Dias Carvalho, «Paisagens sem rosto -- Para o estudo da primeira edição ilustrada de A Selva»;

Antônio Dimas, «Dois europeus e uma Amazônia: Júlio Verne e Ferreira de Castro»;

José Alonso T. Freire, «A Selva e a literatura da Amazônia»;

Manuel Pires Bastos, «Dois humanistas oliveirenses no Amazonas: Caetano Brandão (século XVIII) e Ferreira de Castro(século XX)»;

Neide Gondim, «A contribuição portuguesa para a literatura do Amazonas»;

Vítor Pena Viçoso, «O simbolismo da Amazónia em Ferreira de Castro e Carlos de Oliveira»;

Beatriz Berrini, «Breves reflexões sobre A Selva»;

António Cândido Franco, «A Selva e O Instinto Supremo»;

Elcio Lucas de Oliveira, «A paradoxal atualidade de A Selva»;

Carlos Jorge F. Jorge, «A descrição como referência poética e documentário n'A Selva de Ferreira de Castro»;

Márcio Souza, «A primeira versão de A Selva no cinema»;

Liliana Dias Carvalho, «O utópico convívio entre a câmara e a pena -- A Selva entre Ferreira de Castro e Leonel Vieira»;

Óscar Cruz, «A produção de A Selva de Leonel Vieira».

Al Pacino - Scent of a Woman

Astor Piazzolla - Libertango

Manoel de Oliveira - 100 anos



João Bénard da Costa: Singularidade de um cineasta português
11.12.2008



Na arte do cinematógrafo, que conta apenas 113 anos, Manoel de Oliveira é o primeiro criador a celebrar 100 anos, em actividade. Uma actividade iniciada em 1929, há quase 80 anos, tinha Manoel de Oliveira apenas 20. Foi nesse ano que começou a rodar Douro, Faina Fluvial apresentado publicamente, em versão muda, a 21 de Setembro de 1931, no mesmo dia em que morreu o nosso primeiro cineasta - Aurélio da Paz dos Reis - e na mesma sala onde, muitos anos mais tarde, a então chamada Cinemateca Nacional efectuou as suas primeiras sessões.

Mas a singularidade de Manoel de Oliveira vai muito para além da sua extraordinária longevidade e da sua extraordinária criatividade.Manoel de Oliveira é, indiscutivelmente, o mais célebre realizador português e o reconhecimento da sua obra ultrapassa em muito as nossas fronteiras, sendo, também indiscutivelmente, um dos nossos cinco ou seis criadores mundialmente consagrados e sendo o nosso cineasta internacionalmente mais famoso.Aqui, atenção que os portugueses não costumam tratar bem aqueles que "ousaram mais ser que a outra gente" para citar um verso de Sophia. Detractores, que lhe não faltam, como nunca faltaram em Portugal aos poucos que tiveram ou têm a grandeza dele, objectarão que esse reconhecimento internacional se reduz a um escasso número de conhecedores, já que propriamente Oliveira não é uma celebridade popular, não é Amália nem Cristiano Ronaldo. Não é também um ídolo cinematográfico das multidões, como o foi Chaplin ou como o é Woody Allen. Não o foi nem nunca pretendeu sê-lo.O cinema, segundo uma frase célebre, é uma arte, mas é também uma indústria. Em termos de indústria, Manoel de Oliveira não dirá nada a ninguém. Para ele, o cinema sempre foi arte, como o foi para Bresson ou como é para Jean-Marie Straub. É no domínio da arte do cinema, o único que lhe interessa, que Oliveira é mundialmente reconhecido como um dos maiores, para alguns até como o maior cineasta vivo e em actividade.Situação paradoxal. Num país da Europa ocidental com a mais pequena produção e com mais lentos começos cinematográficos, nada fazia prever, nesses longínquos anos 20, que em Portugal surgiria um dos nomes maiores da chamada sétima arte. Até ele, em Portugal, o cinema de ficção tinha sido obra de estrangeiros ou estrangeirados e só na geração dele surgiram homens com outras ambições. Leitão de Barros por exemplo, assinou os seus melhores filmes à época em que Oliveira começou. Mas os outros tornaram-se casos de memória, mesmo que de boa memória.Oliveira ultrapassou os caminhos e já todos se tinham retirado ou tinham morrido quando Oliveira alcançou fama mundial. Pacientemente, após muitas interrupções e muitos anos de silêncio, aguardou a sua hora, que alguns, como Bazin ou Langlois, previram nos anos 50 ou 60, mas que só chegou aos festivais e às primeiras páginas da imprensa generalista ou especializada nos anos 70, ao tempo da chamada "tetralogia dos amores frustrados", sobretudo com Amor de Perdição (1978) e Francisca (1981).O milagre Oliveira começou quando o realizador tinha 70 ou mais anos, começou quando a grande maioria dos grandes cineastas terminou a sua obra.Algumas características exteriores (interiores também, mas isso era outra conversa que não cabe neste texto) apuseram-se ao nome de Oliveira: filmes de enorme duração, filmes estáticos com a câmara fixa em planos com o máximo de duração possível. A lenda não corresponde à realidade. Das suas 30 longas-metragens, incluindo a que está a rodar neste momento, só três (Amor de Perdição, Le Soulier de Satin e Vale Abraão) ultrapassam as três horas de duração.Se a câmara, para ele, não é uma borboleta - voa aqui, voa acolá -, o movimento e o tempo, na obra de Oliveira, são coisas muito diferentes e a incessante movimentação das personagens é a acção que tanto o acusam de não ter. Mas a arte do cinema não foi feita para se olhar, foi feita para se ver, embora poucos saibam ver como Oliveira o sabe. Quem o acompanhar não tem descanso nem parança, como ele próprio a não teve desde os anos 80.Agustina escreveu: "A turbulência das nossas reacções humanas faz com que a solidão nos escape e que o encontro com Manoel de Oliveira seja difícil. Queremos sujeitá-lo a um padrão de vida, a uma sequência de palpites sobre a história das pessoas que não se coadunam com a obra dum artista como ele. (...) a sua personalidade única parece-me fazer parte da integral verdade da criação." Não sei dizer melhor.Quer Oliveira se debruce sobre o mistério da mulher, quer interrogue a nossa história - história do país em que nasceu, história da humanidade que inventou a arte - quer aborde as relações entre a literatura, o teatro, a pintura e o cinema, o que predomina na sua obra singular é a palavra visual, na sua própria expressão, a expressão que melhor me parece marcar a densidade do que fez.Para mim, a história da arte ou a arte da história nestes últimos dois séculos, em Portugal, leva dois nomes: Pessoa e Oliveira. É esta a sua verdade, é esta a sua grandeza. Singular? Singularíssima, como todas as obras que não têm paralelo com nenhuma outra.Não a merecíamos. Mas tivemo-la e temo-la. E foi dita em português e foi vista de Portugal.


Lisboa, 28 de Novembro de 2008

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Antonio Machado (1875-1939)

PROVERBIOS Y CANTARES - XXIX

Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar.

O Regresso, ainda em 2008...


Depois de uma longa ausência, e de muito considerar sobre a possibilidade de este Blog continuar ou não activo, eis-me de volta.